Estréia: 28/04/2016
Em um concorrido ano no mundo dos heróis, a Marvel apresenta um dos filmes mais aguardados de seu já estabelecido universo cinematográfico e mesmo minimizando o tom do confronto entre os heróis, mostra mais uma vez uma competência indiscutível na hora de satisfazer as expectativas dos fãs.
Capitão América: Guerra Civil , encontra Steve Rogers liderando o recém-formado grupo dos Vingadores em seus esforços contínuos para proteger a humanidade. Mas após outro incidente envolvendo os Vingadores resultar em danos colaterais, aumenta a pressão política para instalar um sistema de responsabilização, comandado por uma agência do governo para supervisionar e dirigir a equipe. O novo status divide os Vingadores, resultando em duas frentes – uma liderada por Steve Rogers e seu desejo de que os Vingadores se mantenham livres para defender a humanidade sem a interferência do governo, e a outra que segue a surpreendente decisão de Tony Stark de apoiar a responsabilização e supervisão do governo.
Apesar do nome e da introdução, o filme de fato é apenas levemente inspirado no arco Guerra Civil dos quadrinhos. A principal mudança é que o confronto entre os heróis é mais impulsionado pela perseguição ao fugitivo Bucky (Soldado Invernal) aqui protegido por seu amigo Capitão América, do que pela lei de controle dos heróis propriamente dita. Plot que faz todo sentido no universo cinematográfico da Marvel, já que a grande maioria dos heróis tem suas identidades amplamente conhecidas através dos acontecimentos dos outros filmes. Essa premissa também ajuda o filme a se apresentar como uma continuação de Capitão América: O Soldado Invernal e não um novo Vingadores.
Capitão América: Guerra Civil não tem o peso da história original, que mostra lutas dramáticas, mortes de heróis, cenas mais contundentes, traições e etc… Apesar de ter ótimas lutas, em nenhum momento fica a sensação de perigo extremo para os heróis, seja pela resistência que eles passam ou pela falta de ataques letais dos personagens (exceto por alguns momentos “possuídos” de Bucky, ou acessos de raiva do Pantera Negra). As cenas de combate são muito bem coreografadas e fotografadas e nos mostram quase didaticamente o que acontece, um delírio para os fãs que conseguem se divertir com cada detalhe. A edição de som e a montagem tem muita fluides, numa linha de filmes de ação mais old school, com sons “secos” e bem sincronizados, e edição inteligente e que deixa o espectador ter suas próprias interpretações da continuação das cenas.
O efeitos visuais e especiais mantém o alto nível das produções da Marvel, e até chocam em certos momentos ,tamanha qualidade, como no surgimento de um dos heróis em versão mais jovem.
Joe e Anthony Russo comandam com perfeição a direção geral e contam com a ajuda Owen Peterson (Matrix) para uma direção de arte muito característica, com frames que lembram os quadrinhos sem os exageros que encontramos em Vingadores: Era de Ultron.
Destaque para a já icônica cena do aeroporto, que mostra incrivelmente o repertório de habilidades e poderes dos super – heróis. Através dessa cena você consegue entender e conhecer melhor alguns deles, como o Pantera Negra, Homem – Aranha e o próprio Homem- Formiga que chega nesse filme ainda relativamente desconhecido do grande público (apesar de já ter tido filme solo), mas que tem habilidades extremamente divertidas em ação.
O filme dá o espaço correto aos personagens (dentro de suas possibilidades), além das apresentações, também coloca questionamentos importantes como a dificuldade da Feiticeira Escalarte em lidar com as consequências de seus atos e a inocência do carismático Visão.
E falando em apresentações, vamos a elas…
O aguardado novo Homem – Aranha da Marvel não decepciona. O personagem participa tempo suficiente para nos deixar como vontade de ver seu filme solo. Como Peter Parker, o surpreendente Tom Holland dá um show de interação com o não menos que genial Robert Downey Jr , e dentro dessa sequência a Marvel resolve o questionamento sobre recontar ou não a origem do personagem nos cinemas. Uma conversa de no máximo 4 minutos, muito natural e divertida, que sutilmente nos apresenta: origem, responsabilidade e a personalidade do Aranha. Em ação o Spider também rouba cena, a Marvel soube captar a personalidade brincalhona do herói que tem alguns comentários engraçadíssimos e usa seus poderes com muita criatividade durante as batalhas, ele ainda se movimenta de uma forma que lembra a clássica série animada. O polêmico uniforme também funciona muito bem em ação. O personagem deve conquistar o público rapidamente e tem tudo para ser um estrondoso (repito estrondoso) sucesso, agora nas mãos da Marvel.
O Pantera Negra também é uma ótima novidade do universo Marvel, apresentado de uma forma correta (deve ser melhor aprofundado no filme solo), T’chala (nome original do herói) acaba se mostrando uma figura importante nesse filme e está presente quase 100% da história. Com design de uniforme detalhista e fiel aos quadrinhos, e forma de se movimentar que lembra mesmo os felinos africanos, o Pantera impressiona, causa impacto, tem as lutas plasticamente mais bonitas do filme, com uma mistura de golpes de capoeira, kung fu e Muay Thai e se mostra um personagem mais sério, avesso as piadinhas habituais do estúdio. Chadwick Boseman (Get on Up), dá conta do recado e encarna bem a personalidade do príncipe de Wakanda.
Agora, haters sejam haters, mas a verdade é que o Tony Stark de Robert Downey Jr é essencial, impressionante como todas as piadas dele funcionam, como ele tem o tempo certo. Robert Downey Jr é o melhor ator do estúdio, de longe, centraliza as atenções quando está em cena, é o elo mais próximo do telespectador dentro do filme, ele parece dizer o que nós gostaríamos de dizer, como na impagável piada com a nova tia Mai, interpretada pela musa Marisa Tomei. Como eu cantei um tempo atrás, o filme também trata de preservar seu patrimônio mais importante no universo Marvel dos cinemas (o Homem de Ferro), se nos quadrinhos é quase impossível comprar as ações de Tony Stark durante a Guerra Civil , aqui é fácil se ver torcendo e dando razão para suas ações, sempre com motivações muito humanas.
Enfim, Capitão América: Guerra Civil tem algumas boas reviravoltas, não muito complexas, mas assertivas e o humor costumeiro cheio de piadas auto referentes que nunca falham. A Marvel continua expandindo suas histórias, o filme com certeza fecha um episódio, mas abre uma dezena de portas para outros longas do estúdio com pistas de todos os tipos, tamanhos e importância… Obs: Há uma cena pós créditos (apenas uma), na verdade no meio dos créditos, então você não precisa esperar muito. Cena bem legal por sinal, relacionada ao filme solo do Pantera Negra (pelo menos não tem nada de Thanos dessa vez rs)… Confira nossa Chuck Nota de Capitão América: Guerra Civil, logo abaixo…