Estréia – 25/02/2016
Como Ser Solteira surge como uma vindoura comédia feminina, quem sabe uma franquia para mulheres ao melhor estilo Se Beber Não Case, mas se mostra apenas um pretencioso filme de romance e lição de vida que fica longe de entregar qualquer uma das propostas.
No filme, Alice (Dakota Johnson) acabou de sair de um relacionamento e não sabe muito bem como agir sem sua outra metade. Para sua sorte, ela arruma uma animada amiga (Rebel Wilson) especialista na vida noturna de Nova York, que passa a ensiná-la como ser solteira.
A plot parecia ser interessante, um filme despreocupado, para mulheres modernas, uma grande aventura de mulheres solteiras e afim de curtir na cidade de Nova York, algo que já vimos tantas vezes com homens. É incrível, porém como esse tipo de filme não consegue ter coragem de ir muito a frente. Para agradar o padrão de público que lê Crepusculo ou Cinquenta Tons de Cinza, é preciso inserir o dilema, uma mulher pode ser feliz de verdade sozinha? Não formar família? Bem moderno… Tem várias histórias em uma só, mas não dá o tempo certo para nenhuma delas, e quando resolve juntá-las fica tudo muito confuso. A narrativa simplesmente pula algumas coisas, talvez por falta de tempo ou descuido, mas chega a ser amador em alguns momentos, como o em que simplesmente jogam a personagem de Dakota Johnson na casa de uma pessoa que não nos foi apresentada, mas que aparentemente temos a obrigação de saber que a irmã da personagem, sem se darem ao trabalho de colocar uma simples cena, “Essa é minha irmã”, “vou pra casa da minha irmã” ou qualquer coisa do tipo. Personagens pulam na sua frente de forma inexplicável, o tempo todo , enquanto o filme vai apostando na coincidência para se desculpar. Incontáveis personagens mal construidos também dão o tom, como um solteirão avesso a romance que é apresentado numa cena ridiculamente desconfortável, mulher neurótica que passa a vida atrás de casamento, outra que passa a vida tentando mostrar que não precisa de casamento, vários lados da solteirisse para mostrar apenas que todos precisam de um casamento.
O diretor Christian Ditter não tem controle sobre o ritmo das sequências, o tempo das piadas é muito ruim, sempre parecem fora do lugar e nos deixam com aquela sensação de “acho que deveria ter rido nessa parte”. Exceto por Rebel Wilson que resolve alguns problemas com seu próprio ritmo de comediante, ninguém do elenco consegue contornar e poucas risadas são tiradas durante as várias tentativas na primeira metade do filme.
Rebel Wilson apesar de muito boa, parece sair de um filme para o outro sem mudar nem a roupa, o personagem é igualzinho ao de todos os últimos filmes dela. A gordinha sem noção, desbocada… mesmo assim ainda é a personagem que mais tira risos. Já Dakota Johnson está se especializando em filmes razos para mulheres inseguras. Ela que vem do temível 50 Tons de Cinza, mostra mais uma vez sua inexpressão e falta de carisma, Kristen Stewart (Saga Crepúsculo) que se cuide há uma forte concorrente no mercado. Leslie Mann (apesar do nome é uma mulher) acaba sendo a mais interessante do filme, mesmo sofrendo com o roteiro.
Enfim, Como Ser Solteira perde uma boa chance de se transformar numa diversão relaxada para se entregar a tentação de um público mais garantido. Existe uma cena no final com o personagem de Damon Wayans Jr, um drama familiar tocante, bem dirigido, nem parece estar no mesmo filme, sinceramente a única coisa realmente alto nível em Como Ser Solteira, me deu vontade de ver um filme inteiro sobre aquilo, pena que não é o caso…