Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), Kitty Pryde (Ellen Page) e Wolverine (Hugh Jackman), que buscam um meio de evitar que os mutantes sejam aniquilados. O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 70. Lá ela ocupa o corpo do Wolverine da época, que procura os ainda jovens Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) para que, juntos, impeçam que este futuro trágico para os mutantes se torne realidade.
X-Men: O Filme, do ano de 2000, foi um dos precursores desse fenômeno que se tornaram os filmes de super heróis, numa época em que tudo era teste, inclusive os uniformes que temiam ser motivo de piadas (por isso os uniformes de couro e sem colantes no primeiro filme). Se não havia certeza de sucesso para um filme, é óbvio, que ninguém pensava em um universo expandido como o surgido com a Marvel Studios anos mais tarde, e foi justamente essa despreocupação com a cronologia que tornou a franquia X-Men um tanto confusa, principalmente quando levamos em consideração os filmes solo de Wolverine. X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido serve como aquele botão do vídeo game que usávamos quando as coisas não corriam bem, o reset. O filme funciona tanto como continuação de X-Men: Primeira Classe quanto de X-Men 3 : O Confronto Final, e numa feliz junção das duas gerações diferentes vai limpando minuto a minuto os acontecimentos da franquia para pavimentar um novo caminho.
Nos anos 80, James Cameron usou esse arco para inspirar seu futuro apocalíptico em O Exterminador do Futuro, hoje ironicamente, X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido se inspira no clássico oitentista de Cameron para criar seu próprio futuro obscuro, do qual os designers claramente também se inspiraram em imagens de campos de concentração.Enquanto que no passado, volta o visual primoroso e rico em detalhes dos anos 70, com um figurino impecável sem nunca parecer exagerado como boa parte dos filmes que mostram a época. Trata-se de uma adaptação bastante ousada que apesar de trazer de volta o elenco clássico coloca sua atenção sobre o elenco no elogiado Primeira Classe dando espaço para os excelentes James McAvoy e Michael Fassbender desenvolverem com rara competência um melancólico e esperançoso Xavier, e um imprevisível e implacável Magneto.
O conceito de Martin Lutherking x Malcom X, mais uma vez entra na plot principal quando Magneto demonstra ceticismo quanto as ideias de convivência pacifica entra mutantes e humanos largamente defendidas pelo professor X. Um dos melhores fatos a respeito do retorno do diretor Bryan Singer (X-Men 1 e 2) é que ele sabe extrair o potencial do elenco como poucos. Os diálogos são um espetáculo, percebe-se que para onde a câmera virar há um ator de alto nível assumindo a responsabilidade, isso pode ser visto com Fassbender desenvolvendo a personalidade de Magneto em cima de sua versão mais velha vivida por Ian McKellen e rendendo sequências intensas com Charles Xavier. A Mística de Jennifer Lawrence se torna figura importante na história, talvez por razões mercadológicas, já que Jennifer Lawrence além de ser boa atriz é garantia de simpatia do público atualmente, o personagem só deixa a desejar quanto a maquiagem ruim que chega incomodar em certos momentos. Peter Dinklage foge do vilão cartunesco que poderia ser e mostra porque é um dos atores mais cultuados da TV americana ao criar um Bolivar Trask de argumentação forte e envolvente. Porém, para tristeza de uns e alegria de outros, Wolverine continua sendo a aposta certeira da Fox, e mesmo tendo menos espaço que em outros filmes, o personagem sempre bem encarnado por Hugh Jackman é figura chave para o desfecho da história. A participação do elenco da trilogia original, com exceção de Hugh Jackman é pequena, mas também bastante elogiável.
Bryan Singer voltou inspiradíssimo a franquia com cenas de ação de tirar o fôlego, em tons épicos e totalmente satisfatórios, deixando que apreciemos cada poder mutante em sua plenitude, como nas combinações fantásticas de poderes nas coreografias das batalhas do futuro com Blink, Mancha Solar, Bishop e Apache ou no passado com a técnica apurada nas tomadas de Magneto no estádio, e a hilária participação de Mercúrio em cena totalmente inspirada na sequência do Noturno invadindo a Casa Branca em X-Men 2, mas nem por isso menos genial, tão genial que não há um explicação plausível para saída precoce de um personagem que conquista o público tão “rapidamente” (desculpem o trocadilho rs).
A trilha sonora está correta, e a grande novidade são as cenas que emulam gravações externas da época e trazem realismo a narrativa.
Enfim, os produtores de X-Men tinham a história perfeita para reiniciar a franquia, uma viagem no tempo que se torna pretexto perfeito para mudar o futuro e esquecer os filmes mais complicados da série (X-Men 3 e X-Men: Origens Wolverine).
X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido é um divisor de águas para os filmes de heróis, uma despedida digna para o elenco da trilogia clássica e um abre-alas para que o novo elenco refaça a trajetória dos X-Men nos cinemas. Apesar de um escorregão sem sentido no final envolvendo a Mística, o longa é sem dúvidas um dos melhores títulos do ano e contestar isso seria praticar o esporte de ser chato…Confira nossa Chuck Nota logo abaixo…
É isso ai …Has Tela Vista…O Cinema em Ação !!!